Sua juventude - Coletânea de histórias de uma avó e sua neta
Dona Olga era uma moça muito bonita em sua juventude e meio rebelde para sua época, afinal, Dona Olga jamais sonhou em se casar.
Ela gostava de vestidos bonitos. Mas já sofreu por inveja, contava ela que um dia, buscou um vestido na costureira e quando foi vestir tinha um grande fiapo de madeira. Segundo ela, era trabalho de uma amiga invejosa.
Desde cedo teve que ralar na vida. Filha de imigrantes italianos, me contava dos vários trabalhos que já teve que fazer enquanto jovem, um deles, entregar marmita. Contava ela que um dia chegou, e o trem que colocava as marmitas já estava de partida e ela teve que correr atrás e jogar as marmitas nele. Contava isso com uma mágoa no coração, não sei se pelo sentimento de “fracasso” que lhe passou no dia, ou por ter que levar a vida daquele jeito obrigada.
Tudo que contava da vida jovem, contava com amargor, sempre culpando alguém, ou a vida, pela vida que queria viver e não podia, afinal, na década de 50 quem tinha livre arbítrio. Aliás, o que era isso mesmo? Viviam a obedecer aos mais velhos, mesmo que isso custasse a sua felicidade.
Ela gostava de música clássica, mas levava uma vida suburbana.
Não cansava de contar que se casou obrigada. Que seu Luiz (meu avô), conheceu seu pai na antiga padaria da família e lhe cedeu a mão.
Trazia esse amargor para sua vida, descontava a raiva embutida de seu pai, em seu marido.
Hoje, entendo, imagina viver uma vida inteira do jeito que jamais sonhou ou imaginou?


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